Nota de falecimento – Prof. Carlos Walter Porto Gonçalves
A Coordenação, professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas da UFSC despede-se com muito pesar do prof. Dr. CARLOS WALTER PORTO GONÇALVES, Professor Visitante de nosso Programa desde 2022, falecido na quarta-feira, 06 de setembro, em Florianópolis.
Destacado geógrafo brasileiro e latinoamericano, Carlos Walter, que contribuiu também com o PPGICH durante seus estudos de Pós-Doutorado, ministrou diversas disciplinas em nosso curso e inúmeras palestras, tornando seus alunos verdadeiros discípulos em suas instigantes e comprometidas teorias sobre a Ecologia Política da América Latina e em sua constante luta em defesa das territorialidades e do bem viver de todos os povos oprimidos.
Dentre as centenas de manifestações de seus discípulos, colegas, amigos, movimentos sociais e universidades de toda a América Latina, em parte manifestadas na comovida e significativa homenagem que lhe foi prestada no Jardim da Paz, na tarde do dia sete de setembro, tomamos a liberdade de transcrever, abaixo, a Nota publicada pela Associação dos Geógrafos Brasileiros, sobre sua trajetória:
“Nota da AGB-Rio de Janeiro – A Geografia brasileira perdeu hoje um de seus grandes nomes. Carlos Walter Porto-Gonçalves foi uma referência para tod@s s geógraf@s brasileir@s das últimas gerações, desde a virada crítica da Geografia no final dos anos 1970, da qual foi ativo participante. Seu texto “A geografia está em crise. Viva a geografia!” de 1978 foi um dos marcos desta virada.
Na AGB, também teve papel de destaque na reconstrução democrática da entidade, tendo integrado a Diretoria provisória que assumiu em 1979 após a reforma dos estatutos. Era à época associado à AGB-Rio e o foi por muitos anos, antes de se filiar à AGB-Niterói, quando se tornou professor da UFF e se mudou para Niterói. Ainda como associado à AGB-Rio foi vice-presidente da AGB no biênio 1986-1988 e já na condição de associado à AGB-Niterói, foi presidente da AGB no período 1998-2000.
Carlos era uma mente brilhante e inquieta. Tinha um humor refinado e era um grande frasista e criador de expressões hoje consagradas na Geografia, como geo-grafar, (des)envolvimento e r-existências.
Seu vínculo com as lutas sociais e ambientais era combustível permanente para a criação intelectual. Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, percorreu, pesquisou e ajudou a pensar sobre esses diferentes ambientes e sobre os povos que dão vida a eles.
Nos anos 1980/1990 esteve ao lado dos Seringueiros, nas lutas capitaneadas por Chico Mendes e ajudou a construir a Articulação dos Povos da Floresta. Também foi figura de referência para a Articulação dos Povos do Cerrado e era um entusiasta das lutas de geraizeiros, vazanteiros, comunidades de fundo e fecho de pasto e tantos outros povos que por esse Brasil afora conviviam com os ambientes mais diversos, produzindo as territorialidades mais diversas.
Nos anos 2000 tornou-se referência também para a Geografia da América Latina e seu livro “A globalização da natureza e a natureza da globalização” recebeu o prêmio Casa das Américas de Cuba.
Autor de inúmeros livros e artigos clássicos da Geografia, professor de gerações, militante das causas sociais e ambientais, Carlos nos deixa um imenso legado.
A AGB-Rio se orgulha de ter sido parte da sua vida.”